
“No trânsito, álcool traz risco. Na gravidez, também. Proteja seu bebê”
Álcool e direção causaram mais de 12 mil vítimas de acidentes de trânsito somente em 2023, no Brasil. Já as consequências do álcool na gravidez, menos conhecidas, impactam diretamente o desenvolvimento do feto, trazendo consequências graves para a criança
Álcool e direção não combinam e estão relacionadas à redução da precisão visual do motorista, do campo de visão periférica e da concentração. Somente em 2023, foram mais de 12 mil vítimas em todo o país. Já a combinação entre o álcool e a gravidez está relacionada a diversos transtornos do espectro alcoólico fetal e ainda é desconhecida para muitas pessoas.
Por este motivo, no dia 9 de setembro, foi instituído o Dia Mundial de Prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal. A data é lembrada por instituições ao redor do mundo, assim como o Instituto Olinto Marques de Paulo (OMP), entidades médicas e organizações da sociedade civil no Brasil, que reforçam campanhas de conscientização sobre a SAF, ou Síndrome Alcoólica Fetal.
A SAF é uma doença pouco conhecida e de difícil diagnóstico, caracterizada por uma série de manifestações físicas, comportamentais, emocionais, sociais e de aprendizagem, diagnosticadas na criança. Trata-se do quadro mais grave e completo dos chamados Transtornos do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF). Este espectro abrange todas as manifestações físicas, inclusive malformações de diversos órgãos, cognitivas, comportamentais e de desenvolvimento, de leves a severas, que os indivíduos podem apresentar se expostos ao álcool na vida intrauterina.
No Brasil, não há dados oficiais, mas estudo realizado na periferia de São Paulo aponta que 38 a cada 1.000 nascidos sofriam de algum transtorno relacionado ao uso de álcool pela mãe. Este número pode ser ainda maior, visto que estimativas indicam que sequer 1% das crianças afetadas são diagnosticadas.
“A única causa da SAF é o consumo de álcool na gravidez. Hoje, sabemos que mais de 450 mil gestantes no Brasil mantêm esse hábito, expondo seus bebês a riscos graves e permanentes, muitas vezes por desconhecimento dos impactos causados. O consumo de álcool na gravidez não é seguro em nenhuma quantidade. A abstinência é o único caminho para prevenir todos os transtornos do espectro alcoólico fetal e proteger a vida e o futuro de milhares de crianças, alerta Sara Assis, gestora da campanha.
O nono dia do nono mês
O primeiro Dia Mundial de Prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) ocorreu em 9 de setembro de 1999, pelo empenho do casal canadense Bonnie Buxton e Brian Philcox, que haviam adotado uma criança com a síndrome.
A escolha da data, que marca o nono dia do nono mês de cada ano foi escolhido de forma intencional pelo casal, em alusão aos 9 meses de gravidez. É uma forma a mais de lembrar as mulheres sobre a importância de não consumirem álcool durante os nove meses da gestação.
Vale lembrar que o álcool pode estar presente em outras apresentações além das bebidas alcoólicas, como por exemplo os sacolés alcoólicos, chás Kombucha, bombons recheados de licores e outras bebidas e até mesmo em algumas cervejas rotuladas como “zero álcool”. Por isso, a divulgação dos riscos da SAF e de todas as variações do TEAF não é fácil e exige a participação de profissionais de várias áreas da saúde para que mais mulheres sejam informadas a tempo.
Os riscos da SAF
Beber durante a gestação pode elevar o risco de alterações no feto em até 65 vezes e não se estabeleceu até hoje limites seguros para o consumo de bebidas alcoólicas ao longo de toda a gravidez, explica a médica ginecologista e obstetra Dra. Rosiane Mattar, Diretora Científica da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP).
“A SAF pode acarretar vários tipos de malformações congênitas e não há nível seguro para o consumo de bebidas alcoólicas na gestação. Por isso, a recomendação é evitar qualquer tipo e quantidade de bebida alcóolica”, alerta.
A exposição do feto ao álcool ingerido pela mãe ao longo da gravidez, explica a Dra. Rosiane, pode trazer malformações faciais, neurológicas, cardíacas e renais, acarretando problemas físicos, como deformidades na face, dedos e juntas, restrição de desenvolvimento em crânio e cérebro, crescimento lento, problemas de visão e audição, malformações em rins, coração e ossos.
“O diagnóstico precoce da doença e a instituição de tratamento ainda na primeira infância pode abrandar as manifestações da SAF, mas não há como reverter os efeitos da ingestão materna de bebidas alcoólicas durante a gestação, pois a SAF não tem cura. Uma vez diagnosticados, alguns destes problemas são irreversíveis”, explica.
Prevenção
A abstinência é a única forma de prevenção da SAF. Por este motivo, desde 2023, o Instituto OMP realiza a campanha de conscientização sobre a doença, atuando em prol da saúde de crianças desde o ventre materno.
“Em pouco mais de um ano, mais de 3 milhões de pessoas foram alcançadas com a campanha, que reproduziu vídeos informativos mais de 500 mil vezes”, revela Sara.
Este ano, a campanha continua e será reforçada até as festas de final de ano. Para saber mais sobre a campanha e a SAF, acesse as redes sociais do Instituto OMP e das entidades parceiras.
A campanha conta com o apoio de diversas entidades médicas, instituições da sociedade civil e organizações não governamentais. Para saber mais, acesse https://www.instituto-omp.org.