Natural do povoado Lago do Mato, em Turilândia-MA, Albino Laranjeira Carneiro, hoje com 63 anos, carrega consigo mais de 45 anos de dedicação ao Tambor de Crioula. Essa manifestação cultural, profundamente enraizada nas comunidades afro-quilombolas, sempre foi parte de sua vida e identidade. Atualmente, Albino integra o Tambor de Crioula Raiz de Quilombo, localizado na comunidade Campo Grande, em Turiaçu-MA, onde contribui ativamente para a preservação e valorização das tradições herdadas dos povos africanos.

O interesse de Albino pelo tambor surgiu ainda na infância, movido pela curiosidade e pelo encanto de ouvir os toques e ritmos da cultura popular. Seu pai, Maximiano Carneiro, logo percebeu a habilidade natural do filho com os instrumentos e o incentivou a seguir esse caminho. Essa sensibilidade fez com que, desde muito cedo, ele se tornasse parte essencial das rodas de tambor, compreendendo aos poucos que o som que produzia carregava história, resistência e ancestralidade.

Aos 19 anos, Albino iniciou uma jornada marcante, levando o tambor para diversas comunidades e cidades vizinhas, acompanhado de seu irmão mais velho, Otaviano Carneiro, pai do atual líder do Raiz de Quilombo, Wilian Silva. Essa trajetória permitiu que sua arte se tornasse conhecida, fortalecendo a tradição e reafirmando o papel das famílias quilombolas na manutenção da cultura. Ao longo do tempo, Albino se consolidou como uma referência dentro do grupo, sempre presente nas celebrações e encontros culturais.

Com habilidades para tocar os três principais tambores – o grande, o sucador e o quiribador – além de dominar a matraca, Albino se destaca como mestre na arte de conduzir os sons que dão vida às danças e louvações. Mais do que um músico, ele é guardião da memória de seu povo, mantendo viva uma tradição que ultrapassa gerações. Sua trajetória é símbolo de resistência cultural e de orgulho quilombola, mostrando que o Tambor de Crioula não é apenas música, mas também identidade, fé e pertencimento.