UFMA tira nota 5 em Pedagogia, mas reitor Fernando Carvalho e pró-reitor Danilo Lopes são reprovados em compromisso com a educação pública

UFMA tira nota 5 em Pedagogia, mas reitor Fernando Carvalho e pró-reitor Danilo Lopes são reprovados em compromisso com a educação pública

Maio foi um mês de conquistas para a Universidade Federal do Maranhão – mas também de denúncias. O curso de Pedagogia da UFMA conquistou a nota máxima (5) na última avaliação do Ministério da Educação (MEC), atestando a qualidade do seu projeto pedagógico, da atuação docente e do engajamento estudantil. No entanto, enquanto a administração superior da Universidade se apressa para transformar essa conquista em propaganda institucional, professores, estudantes e técnicos denunciam: essa vitória não é da reitoria de Fernando Carvalho, mas sim da resistência de um curso que sobrevive ao completo abandono.

O brilho da propaganda não apaga o cheiro de esgoto

A nota 5 em Pedagogia foi imediatamente publicada com alarde nas redes da UFMA como “prova do avanço da gestão de Fernando Carvalho”. Mas basta caminhar pelos corredores do Centro de Ciências Sociais (CCSO), onde funciona o curso, para perceber que o discurso não encontra respaldo na realidade.

No prédio do CCSO, faltam condições mínimas de infraestrutura: bebedouros quebrados, banheiros com vasos e mictórios entupidos, torneiras sem funcionar. E as salas de aula – sobretudo nos corredores onde funcionam as turmas de Pedagogia – sofrem com ar-condicionado quebrado, o que torna o ambiente quase insuportável para qualquer processo de ensino-aprendizagem, especialmente sob o calor característico da ilha de São Luís.

É esse o cenário no qual estudantes e professores da Pedagogia têm que produzir ciência, fazer extensão, formar novos educadores e resistir. E, apesar de tudo isso, o curso brilha e alcança nota 5 no MEC. Não por causa da reitoria, mas apesar dela.

Onde está o reitor quando a universidade precisa?

Fernando Carvalho tem se mostrado um mestre na arte da autopromoção, mas completamente omisso quando o assunto é garantir condições dignas para os cursos de licenciatura. O caso de Pedagogia é um dos mais graves: há um déficit alarmante de professores, e os alunos já perderam vários semestres letivos por simplesmente não haver docentes para ministrar disciplinas obrigatórias.

A situação se agravou com a extinção dos departamentos acadêmicos, uma manobra articulada pelo próprio reitor no Conselho Universitário (CONSUN), sob o pretexto de “modernização”. Na prática, o que se viu foi um aumento absurdo da sobrecarga sobre as coordenações de curso, que agora acumulam funções administrativas, pedagógicas e gerenciais sem qualquer reforço técnico ou humano. É o caso da coordenação de Pedagogia, que hoje funciona com escassos recursos e muito esforço.

Um 20 de maio sem o que comemorar

O Dia do Pedagogo, comemorado em 20 de maio, passou em branco na UFMA. E não por falta de mobilização dos estudantes, mas pela total indiferença da administração superior. Em vez de celebrar os profissionais que formam todos os outros profissionais, o reitor Fernando Carvalho ignorou a data e continuou seu périplo de aparições públicas e anúncios de marketing esvaziado de conteúdo.

Enquanto isso, os estudantes seguem na luta – organizando grupos de pesquisa, participando de eventos, submetendo artigos, promovendo o debate crítico sobre a educação. Isso é feito com zero apoio institucional. Faltam data-shows, falta internet decente nas salas, faltam materiais básicos para a realização de aulas. Mas não falta resistência.

O escárnio da PROAES

E se o abandono do curso já é revoltante, a postura da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PROAES), comandada por Danilo Lopes, chega a ser um escárnio. No dia 23 de maio, o Centro Acadêmico de Pedagogia participou de uma reunião com a PROAES para garantir o apoio à participação dos estudantes no 26º Fórum Nacional de Entidades de Pedagogia (FoNEPe) – evento nacional importantíssimo para a formação crítica e política das futuras(os) educadoras(es), com o tema: “Em defesa do ensino público, gratuito e a serviço do povo: contra os cortes e a privatização da educação!”

A resposta da PROAES? Um micro-ônibus de 28 lugares para levar representantes dos cursos de Pedagogia, Letras e outras licenciaturas. E pasmem: nem mesmo as diárias do motorista foram cobertas pela UFMA. Os estudantes, já precarizados, tiveram que correr atrás de recursos por conta própria.

Enquanto isso, para eventos de organizações ligadas a partidos como PDT, PCdoB e PT – de onde saíram vários aliados do reitor – a mesma PROAES e o mesmo reitor conseguiram ônibus double deck, com ar-condicionado, hotel e alimentação pagos, mesmo que esses congressos não tivessem qualquer relevância acadêmica. Dois pesos, duas medidas. E um projeto de universidade profundamente elitista.

A resistência vem de baixo

A nota 5 da Pedagogia não é um troféu da Reitoria. Ela é um grito de resistência de uma comunidade acadêmica que insiste em formar educadores mesmo sem o básico. Ela é fruto do trabalho incansável de professores que acumulam turnos e funções. De estudantes que se organizam coletivamente, que enfrentam a precariedade, que reivindicam seus direitos.

A Reitoria de Fernando Carvalho e a PROAES de Danilo Lopes não têm nenhuma autoridade moral para se apropriar desse resultado. Eles foram reprovados – e com louvor – pela comunidade da Pedagogia.

Mais do que uma matéria, esta é uma denúncia. E um chamado à luta. Porque não basta uma nota 5 em avaliação institucional. Queremos nota 10 em compromisso com a educação pública, popular e de qualidade. E isso, decididamente, a gestão de Fernando Carvalho está muito longe de oferecer.

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